Playlists temáticas, rádio e afins

Há uns tempos, vi no Spotify uma playlist com canções para ouvir durante o pôr do sol. E imediatamente a seguir a ter pensado “olha que boa ideia!”, vi que havia mais de 30 mil pessoas a seguir essa playlist, o que me levou a outro pensamento: “porquê?”. Não tenho uma resposta satisfatória mas, pelo menos, acho que sei porque é que não a tenho.

Este tipo de playlists temáticas não é para mim, tal como a rádio não é para mim. A relação que tenho com a música exige de mim uma dedicação e uma proximidade que nunca conseguirei obter com playlists para o pôr do sol, para acompanhar o exercício físico ou para me fazer pensar na vida. Não quando são feitas por outros, pelo menos.

É também por isso que, apesar de ser extremamente conveniente, o YouTube nunca poderá ser, nos moldes atuais, a minha ferramenta de streaming de música por excelência – mesmo que seja definitivamente a mais popular do mundo. E isto também é válido para serviços como o TuneIn ou o Twitter #Music. Não lhes dei confiança nenhuma para me darem música. Quem são eles para me recomendarem o que quer que seja?

É por isso que o Last.fm é tão bom. E é por isso que o Discover do Spotify também se safa bem. Ambos diminuem fortemente a minha margem de risco ao ouvir música nova porque têm em conta os meus gostos e os meus hábitos. Sim, também tendem a tornar-me num tipo cada vez menos eclético, provavelmente, mas é por isso que continuo a ler sobre música diariamente e é por isso que aceito de bom grado as sugestões dos meus amigos. Checks and balances, pá.

Caso não tenham uma relação tão intensa (podem chamar-lhe obsessiva, se preferirem) com a música, acho sinceramente que aquelas playlists genéricas que me provocam comichão podem ser uma coisa boa para vocês. Por exemplo, agora que o outono parece ter chegado a sério a Portugal, deve haver imensas playlists dedicadas à estação por aí. Ou a novembro. Ou às folhas caídas, sei lá. O importante é que há muito por onde escolher. Vejam estas aplicações e sejam felizes para sempre.

Eu talvez morresse um bocadinho por dentro se tivesse de nadar nessas águas badalhocas durante mais do que uns minutos mas se a vossa relação com a música é menos obsessiva do que a minha, força. Não estou aqui para julgar ninguém.

O importante é descobrir boa música.