Alive: LCD Soundsystem, Pearl Jam e os outros

Comprei bilhete para o Alive por causa dos LCD Soundsystem. No Super Bock Super Rock, há coisa de três anos, deram um dos melhores concertos a que já assisti. Tinha de repetir, sobretudo tendo em conta a indefinição que rodeia o futuro dos LCD Soundsystem.

Além disto, havia Pearl Jam, que nunca tinha visto ao vivo, Gomez, que é sempre bom rever, e mais algumas coisas curiosas nos outros palcos.

Posso dizer-vos muito pouco sobre os concertos dos palcos secundários, já que os dois projectos que queria ver, Miike Snow e The Big Pink, não me impressionaram especialmente. Giritos e tal… mas nada do outro mundo.

Antes disso já tinha visto os Gomez. Eles têm um espectáculo bastante competente e música mais que suficiente na bagagem para um set de qualidade… mas a dinâmica deles é estranha. Gostava de os ver numa sala, eventualmente, porque é o segundo festival onde os vejo… e onde eles não deslumbram. Mas lá está, foi bom revê-los.

Decidi trocar os Dropkick Murphys por uma refeição e não estou arrependido… portanto, passo estes à frente. Já os Gogol Bordello… pronto, foi a terceira vez que os vi e confirmo que é rigorosamente sempre a mesma coisa. Percebo que os convites para festivais continuem a chover… mas pronto, à terceira vez uma pessoa já não liga muito ao punk cigano deles.

Depois disto, restavam duas bandas – não estava numa de abandonar o palco principal para ver outras coisas, mesmo tendo alguma curiosidade. Com excepção de “Man of the Hour” – que surge nos créditos finais de Big Fish, filme de Tim Burton -, há uns bons dois anos que não ouvia Pearl Jam por vontade própria. Não sei se há um motivo especial. Eu gosto de Pearl Jam… mas não me apetecia, pronto.

Resumindo, que não me sinto particularmente inspirado hoje, o concerto dos Pearl Jam foi muito bom. Para os fãs, tenho a certeza de que foi extraordinário. Passaram pelos grandes êxitos e pelas melhores músicas, foram simpáticos e divertidos e convenceram as pessoas de que adoram Portugal. “Better man”, “Just Breathe”, “Daughter”, “Alive”, “Black”, “Even Flow”, “Once” e, claro, “Yellow Ledbetter” justificaram o mar de gente que se deslocou ao Passeio Marítimo de Algés para ver os Pearl Jam. Pessoalmente, tenho um soft spot pela “Black” e pela “Better Man”, portanto, nada a apontar.

Acabou o concerto dos Pearl Jam, começou a espera pelo concerto dos LCD Soundsystem. Sentado, para descansar um bocado. Mas a coisa lá seguiu o rumo normal e meia hora depois lá entrava James Murphy vestido de branco ao som de “Us vs. Them”. Confirma-se: os LCD Soundsystem ao vivo são das melhores coisas que há. O set foi muito curto e soube a pouco, posso dizer-vos isto, mas com “Daft Punk is Playing at My House”, a adoravelmente repetitiva “Yeah” ou a energética “Movement”, não há quem resista. Sim, poderíamos ter ficado ali todos durante duas horas… mas acabámos por ter um concentrado de grandes músicas, faltando umas quantas, como “New York, I Love You But You’re Bringing Me Down”. E claro, não podia faltar o invariável e altamente suspeito ponto alto da noite: “All My Friends”. É certamente uma das minhas músicas favoritas de sempre. E sim, é bem provável que seja a última vez que a ouço ao vivo. Mas espero que não.

Foi um bom dia de música. É engraçado que o Alive se possa dar ao luxo de falhar em inúmeros aspectos da organização (parece que as casas-de-banho estavam um mimo). Quando se tem um cartaz do tamanho do mundo, a arrogância é posta em perspectiva. Por isso é que digo que foi um bom dia de música. Se para o ano tiverem um cartaz tão interessante como este, lá estarei. Sou é capaz de fazer chichi em casa.