Há dias assim

O Super Bock Super Rock no Meco tem problemas. É poeirento, tem maus acessos e problemas graves de estacionamento. Mas tem boa música.

Se calhar, começo pelo princípio. Palma’s Gang é o nome do supergrupo que junta Jorge Palma, Zé Pedro, Kalu, Flak e Alex. Não é habitual gostar de projectos portugueses deste género. Tenho sempre a impressão que eles se juntam mais pela diversão do que propriamente pela música. Ainda assim, gostei. As músicas e sobretudo as palavras de Jorge Palma soam quase sempre demasiado bem. Houve sequências com alguma monotonia mas o balanço final é positivo. Foi uma boa hora para o rock português.

Vi um bocadinho de The Morning Benders e, pronto, foi um bocadinho a dar para o aborrecido. Prometeram-me os Beach Boys. Saíram-me os Interpol.

Voltei ao palco principal para ver Stereophonics e, apesar do rock convencional semi-gritado, semi-barulhento, até lhes achei semi-piada. Não achei piada nenhuma foi ao facto de perder o concerto dos Spoon. Já os tinha visto em Paredes de Coura há uns anos mas queria revê-los para confirmar suspeitas. Não consegui. Mas ao menos jantei.

E depois vieram os The National. Foi por eles que lá fui. Prefiro mil vezes vê-los noutro tipo de ambiente mas, à falta de melhor, o Super Bock Super Rock tinha de servir. E serviu. O concerto durou pouco mais de uma hora. Eu queria que tivesse durado umas três… mas compreendo que fosse complicado. Dito isto, não sei se consigo descrever muito bem o que se passou. Houve ali más escolhas – “Anyone’s Ghost” e “Squalor Victoria” não são canções especialmente brilhantes ao vivo – mas, no geral, foi um óptimo alinhamento. Gostei de ouvir a “Secret Meeting” lá para o meio, por exemplo. Nem sequer é das minhas músicas favoritas deles mas soou bem. Aliás, soa sempre. De resto, até High Violet já produz grandes momentos ao vivo. Ou o que é que aconteceu em “Afraid of Everyone”? Além de tudo isto, o concerto terminou em grande. E quando digo “terminou”, refiro-me naturalmente às últimas – err – sete músicas. “Apartment Story”, “Abel”, “England”, “Fake Empire”, “Mr. November”, “Terrible Love” e a sempre desiludida, sempre triste “About Today” a fechar. A sério, que final.

Depois acabou tudo. Ainda fui ao palco secundário procurar “Ocean”, de John Butler Trio, e encontrei-a, felizmente. De seguida corri para o Prince, que andava a dar-lhe no funk como gente grande. Soltou-se o animal de palco e o brilhante guitarrista. Tivemos direito a Ana Moura, também, o que é sempre um ponto a favor de qualquer concerto. Pontos contra? Acabou por ser monótono, a espaços, e o segundo encore foi totalmente desnecessário. Se ele tivesse terminado com “Purple Rain” ninguém se queixava.

Por falar em queixas, volto ao tema de abertura: pó, acessos e estacionamento. Então não é que estive mais de uma hora só para sair do parque de estacionamento? Giro, não é? Se fossem uns miúdos a organizar, ainda percebia. Mas a Música no Coração já tem uns anos de experiência a organizar grandes festivais…