Eu não me importo de pagar por música

A ideia de que as pessoas já não estão dispostas a pagar por música gravada está confortavelmente instalada no ethos. E isto vê-se nas quebras nas vendas e na crise por que passam algumas editoras discográficas (EMI anyone?).

Em Portugal, vê-se claramente no número de discos vendidos. Não sei como se comportam artistas como Tony Carreira em termos de vendas… mas sei que aquelas bandas pop internacionais que antes vendiam largas dezenas de milhares de discos por cá já não vendem assim tanto. Enfim, é o que temos. Foram anos e anos de discos com dois singles apelativos e oito músicas para encher, foram anos e anos (e continuam a ser, de certa forma) de desrespeito pelos fãs. Claro que agora se queixam do P2P e da pirataria mas a verdade é que não ignoraram por completo a explosão da Internet (vá, no sentido figurado) no final dos anos 90. Perderam o barco. Adeus.

Dito isto, interessa referir que eu não me importo de pagar por música. Gosto de recompensar os artistas e as editoras pela boa música que lançam e, por isso, pago por música. Além disso, gosto de a ter. É bem possível que esta ideia de posse seja uma ilusão mas… gosto. Não compro música no iTunes (para isso mais vale comprar no Rapidshare…), gosto de ter os discos nas estantes (por falar nisso, tenho de comprar uma terceira torre de CDs). Gosto do ritual de abrir a caixa e ver o booklet, gosto de pôr música a tocar para os meus vizinhos (sem que eles me peçam).

Hoje, no Twitter, dizia o Gabriel Dread:

Quem compra dvd original financia o combate à pirataria e a censura na internet.

Enfim, por esta ordem de ideias, quem paga impostos também… mas pronto. Não concordo com isto. Acho que é uma falta de honestidade intelectual pôr as coisas nestes termos.

Continuo a achar que, se gostam do produto final, poderá fazer sentido apoiar o artista e a editora, seja grande ou pequena… tal como continuo a achar que as editoras deveriam preocupar-se menos em perseguir quem não quer pagar por música e mais em editar música pela qual valha a pena pagar. Tudo o resto é secundário.