O melhor de 2011 – canções

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Este é o segundo de três posts sobre o melhor da música em 2011.

Foi estranhamente fácil fazer esta lista e creio que o motivo é simples. Apesar de não ter sido um ano mau – longe disso! -, também não foi dos mais espectaculares. Basta, aliás, olhar para as listas de final do ano de todos os sites e publicações que as fazem. Há uns quantos indiscutíveis e depois, salvo raras excepções… epá, não. Para mim, no fim das contas, acabou por ser um ano de confrontos e confirmações.

As minhas dez canções favoritas deste ano:

10 – The Antlers – “Corsicana”

“Corsicana” é a canção mais simples e despida de Burst Apart. É possível que seja esse o truque para que apareça aqui na lista. A guitarra, os arranjos fantasmagóricos e a voz perfeita de Peter Silberman fazem de “Corsicana” uma das coisas mais belas ouvidas em 2011.

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9 – Low – “Try To Sleep”

Para o bem e para o mal, os Low são uma das bandas mais certinhas dos últimos 20 anos. Por um lado, não existe propriamente uma grande evolução no tipo de música nem nos arranjos que podemos ouvir nos álbuns. Por outro lado, não conseguem fazer música má. “Try To Sleep”, o tema de abertura de C’mon, mostra-nos isso mesmo, com a sua cadência lenta e a sua letra brilhante e assustadora (You try to sleep / But then you never wake up). Uma das melhores canções de embalar de sempre, provavelmente.
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8 – Lana Del Rey – “Video Games”

Toda a gente fala dela. É a melhor coisa dos últimos anos, é o melhor álbum do ano que vem, é a nova Tori Amos. Não sei se é bem assim mas a verdade é que “Video Games” é uma das melhores músicas do ano. Melodia doce a prometer coisas boas, produção de bom gosto e uma voz muito interessante fazem desta canção um ponto de paragem obrigatória na música de 2011.
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7 – Wilco – “Art of Almost”

“Art of Almost” é um daqueles momentos que nos dá esperança de que os Wilco voltem, um dia, a lançar um álbum tão bom como Yankee Hotel Foxtrot. Ainda não foi desta mas a canção é uma obra de arte. Esquisita e barulhenta q.b., “Art of Almost” vai da quase electrónica ao rock passado dos cornos em apenas uns minutos. É sem sombra de dúvida um dos pontos altos do ano.
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6 – Yuck – “Rubber”

Os Yuck foram uma descoberta tardia, uma das excepções das listas de final de ano que referi no início do artigo. E “Rubber”, qual ode à distorção e ao feedback, é o expoente máximo da excepção. É como se os Yo La Tengo de 1993 tivessem viajado no tempo e, em vez de darem umas dicas a eles próprios (o que poderia tornar-se esquisito), tivessem dito aos Yuck como é que se faz. E eles fizeram.
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5 – M83 – “Midnight City”

Previsível, não é? Não me culpem a mim, que a única coisa que faço neste contexto é ouvir música. Os M83 têm vindo a trilhar um caminho muito interessante, evoluindo do pós-rock para uma feliz abordagem à electro-pop. Assim, “Midnight City” é um dos hinos do ano e definitivamente uma das melhores canções que os M83 já fizeram.
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4 – Dan Mangan – “If I am Dead”

Dan Mangan faz alguma da melhor música da actualidade mas ninguém lhe liga especialmente fora do Canadá. Mas algo me diz que isso vai mudar. Na primeira vez que ouvi Oh Fortune, pensei que seria “Post-War Blues” a estar aqui no final do ano. Mas as coisas evoluem e a letra de “If I am Dead” seria, só por si, suficiente para me fazer mudar de ideias. Mas a abordagem meio desiludida, meio esteticamente dramática que Dan Mangan faz à morte neste tema é brilhantemente complementada pela marcha lenta da guitarra, dos metais e da bateria. É deprimente, sim, mas também é uma das canções mais sublimes que ouvi em 2011.
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3 – The National – “Think You Can Wait”

Composta para a banda sonora de Win Win, o filme de Thomas McCarthy, “Think You Can Wait” chegou de mansinho e ficou sossegada a um cantinho. Até que um dia a pus a tocar a sério, sem distracções. E foi o suficiente para perceber que “Think You Can Wait” não é só mais uma música dos The National (o que já seria bom) nem apenas uma das melhores músicas do ano, mas sim uma das melhores que os The National já deitaram cá para fora. Se não a ouviram, façam-no. É perfeita.
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2 – Radiohead – “The Daily Mail”

Num ano em que os Radiohead editaram um álbum, é estranho recorrer a um tema extra para falar deles nesta lista. Se “The Daily Mail” não existisse, estaria aqui outra mas… caraças, ainda bem que existe. É que “The Daily Mail” não é apenas melhor que todas as canções de The King of Limbs; é uma das melhores canções que os Radiohead editaram nos últimos anos. “The Daily Mail” é uma mistura de OK Computer e Amnesiac (e não, o Kid A não se aplica!), um tema épico e barulhento que começa baixinho… mas que deixa antever algo mais. E esse “algo mais” acontece… e acontece em grande.
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1 – Bon Iver – “Holocene”

Num ano marcado por um álbum dos Radiohead, é estranho escolher uma canção de outra banda para o número um desta lista. Mas nem os Radiohead nem os Bon Iver me deixaram muitas opções. “Holocene” tem tudo o que uma canção deve ter. É crescente, lindíssima, épica, gigante e perfeita. Parece estar rodeada de um ambiente frio mas confortável que só torna tudo ainda melhor. As duas baterias fazem maravilhas, os metais também. Não há ponto mais alto na música de 2011 que “Holocene”.
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Com os Radiohead em jogo, este ano não foi fácil. Entre as duas primeiras desta lista, a dúvida manteve-se até à última. E são ambas muito, muito boas. Mas confirmou-se a tendência que existe desde que este blog nasceu. Em 2008, a melhor canção do ano foi “Re: Stacks”. Em 2009, “Blood
Bank”. Em 2010, não houve canções novas de Bon Iver. Este ano, voltamos a Bon Iver. E com toda a justiça.