Eu e os Ornatos Violeta

Fui ver os Ornatos Violeta na quinta-feira ao Coliseu de Lisboa bastante às escuras. Conheço a gosto moderadamente de O Monstro Precisa de Amigos, claro, mas… é basicamente isso. Nunca percebi o culto (supostamente) póstumo e nunca percebi porque é que dizem que o Manel Cruz é um génio.

Depois de um bom concerto, posso dizer-vos que continuo sem perceber. É claro que eles fazem música muito boa… mas, pessoalmente, acho que o culto diz mais sobre a qualidade geral da música portuguesa do que diz sobre os Ornatos Violeta. Eles destacam-se porque se tornaram numa espécie de D. Sebastião da pop/rock nacional. Num panorama pouco animador, eles eram uma esperança que nunca se concretizou e as pessoas agarraram-se a isso. Mas aquilo de que precisávamos mesmo era de que se cumprisse Portugal.

“O.M.E.M”, “Mata-me outra vez” e “Capitão Romance” são todas músicas de parafusos bem apertados mas não são coisas para me deixar apaixonado. E por falar em coisas, por mais inveja que sinta do Manel Cruz por ter escrito um refrão que consiste em dizer “São coisas / São só coisas” (não estou a gozar), “Coisas” não chega a aquecer-me o coração.

“Chaga” e “Ouvi Dizer”, essas aquecem-me o coração, é verdade. Ao vivo, então, são fantásticas. Mas se vou a um concerto que tem 35 canções e só duas é que me fazem diferença, não vale a pena ter esperança de que um dia venha a apaixonar-me pela banda.

Dito isto, foi um bom concerto. Para os fãs que nunca os tinham visto ou para os que já os viram há muitos anos, tenho a certeza de que foi tudo maravilhoso e genial. Para mim, foi o que disse: um bom concerto.