Built to Spill no Lux Frágil: o efeito surpresa

Fui ver os Built to Spill ao Lux Frágil, em Lisboa. Conheço-os quase tão mal como centenas de outras bandas cujos discos me passam pelas mãos e pelos ouvidos sem deixar uma marca especialmente profunda. A única diferença está no facto de só conhecer um álbum deles e, olha, gostar bastante de meia dúzia de músicas.

O álbum de que falo é Keep It Like A Secret e obriga-me a referir o único grande pecado destes gigantes do indie rock no concerto que deram para as poucas centenas de fãs que apareceram no Lux: o facto de não terem tocado “The Plan”. Mas pronto, adiante.

O concerto dos Built to Spill foi tão bom que quase deixo passar isso. É que os mais de 20 anos de carreira não lhes pesam nas mãos que entregam às guitarras. Entre a imobilidade (e o aspeto de sem-abrigo) de Brett Netson e a eletricidade constante do vocalista Doug Martsch, houve espaço e tempo para tudo. Duas cordas partidas por Jim Roth nas duas primeiras músicas, diálogo com o público e, claro, muito boa música.

Vou focar-me na muito boa música que os Built to Spill trouxeram, claro está, e dizer-vos que, apesar de não terem tocado “The Plan”, como referi, nem “You Were Right”, algo que teria apreciado bastante, deram um festival de grandes músicas, grandes riffs e grandes solos de guitarra.

Os destaques ficam naturalmente reservados para as músicas do fim: “Carry The Zero”, um dos maiores êxitos dos Built to Spill, fechou o set principal e a muito requisitada “Liar” apareceu em grande estilo durante o encore. Mais: eles têm-se fartado de tocar covers (inclusivamente de Metallica) durante esta digressão, pelo que o concerto em Lisboa não foi exceção. “How Soon Is Now?”, clássico dos The Smiths, encerrou o concerto mas o meu coração já estava mais que conquistado por “Here” dos Pavement.

E não consigo dizer-vos muito mais, sinceramente. Gostava que tivessem lá estado porque valeu mesmo a pena. Não me interessa que tenha ido um bocado às cegas porque, apesar de sair sempre meio chateado por não conhecer tão bem as coisas como gostaria, o efeito surpresa compensou. Para outros, cumpriram as expectativas. Para mim, que não as tinha muito bem formadas, foi isso mesmo: uma boa surpresa.