The National em Lisboa: precisamos de concertos de 3 horas

Lá fui eu à Meo Arena ver os The National pela sexta vez. Nos últimos dias, andava com uma dúvida a ocupar-me o pensamento: será que são demasiados concertos? Ou seja, será que eles ainda têm alguma coisa de transcendental para dar a um fã dedicado que já os viu fazer coisas maravilhosas?

A resposta que os The National me deram esta noite foi inconclusiva. Por um lado, eu tinha razão quando disse que não havia hipótese de um concerto de The National ser mau. Por outro, senti que Trouble Will Find Me brilha bastante menos ao vivo que os restantes álbuns da banda, o que torna difícil elevar o concerto à dimensão que um espetáculo dos The National pode ter. “Sea of Love” foi mesmo a única que conseguiu quebrar a barreira de forma inequívoca, tendo “Graceless” e “Hard To Find” espreitado timidamente. Faltou-me “Humiliation” para ter a certeza. Mas “Don’t Swallow The Cap”, “I Need My Girl” e “This Is The Last Time” são tudo grandes canções em disco que os The National não conseguiram transformar em grandes canções ao vivo.

Claro que houve imensas canções de BoxerAlligator e High Violet para compensar, como “Abel”, “Secret Meeting”, “Fake Empire”, “England”, “Slow Show”, “Bloodbuzz Ohio” e “Apartment Story” (que já merecia uma versão ao vivo como deve ser, com toda a energia que consegue ter em disco). Mas quando grande parte do concerto é (compreensivelmente) dedicado às canções de Trouble Will Find Me e estas não resultam especialmente bem ao vivo, é impossível ignorar as que ficaram por tocar: “Available”, “Lucky You”, “The Geese Of Beverly Road”, “Mistaken For Strangers”, “Thirsty”, “Lit Up” e por aí fora.

O final, esse, foi praticamente perfeito: depois da versão acústica de “Vanderlyle Crybaby Geeks”, “Terrible Love”, “Mr. November” e a sempre maravilhosa e perfeita “About Today”, não há muito mais que uma pessoa possa pedir. Só mesmo… mais tempo de concerto.

Não me levem a mal, não? Gostei imenso do concerto – vejam bem que continuo a achar que foi melhor do que o que deram no Alive há uns anos – e saí de lá suado e satisfeito mas, com tanto álbum na bagagem, começa a faltar tempo para tudo.

A conclusão é óbvia: os The National vão ter de começar a dar concertos de três horas.