As melhores canções de 2014

Bon Iver

Este é o segundo de três posts sobre o melhor da música em 2014.

Musicalmente, 2014 foi um excelente ano. Estive um pouco menos atento às novidades mas ainda assim acabei por me cruzar com coisas maravilhosas, umas quantas delas totalmente inesperadas.

As melhores canções de 2014:

10 – Grouper – “Holding”

Enevoada e desconfortável, “Holding” envolve-nos durante quase oito minutos com o piano e a voz de Liz Harris a dominarem a canção de uma ponta à outra, sempre lentamente, sempre por entre sombras, sempre de forma lindíssima.

9 – Sia – “Chandelier”

De vez em quando há surpresas destas. Eu e a cúpula da pop não andamos normalmente no mesmo comprimento de onda mas “Chandelier” é a canção pop do ano e eu não posso fazer nada quanto a isso. Grande, enorme Sia.

8 – The New Pornographers – “War On The East Coast”

Os The New Pornographers são uma das apostas mais seguras da pop independente norte-americana da atualidade e “War On The East Coast” é bem representativa da energia, do ritmo, da força que Carl Newman, Dan Bejar e companhia conseguem imprimir nas canções da banda nos dias que correm, 15 anos depois de se terem juntado todos.

7 – Future Islands – “Seasons (Waiting On You)”

Lettermans à parte, “Seasons (Waiting On You)” converteu-se numa espécie de símbolo universal para oportunidade, dada a popularidade que trouxe à banda. Mas, de qualquer forma, não é isso que a coloca aqui. O motivo é bem mais simples: a música é gigante. Aquela mistura explosiva de pop à anos 70 com o que é facilmente o refrão mais memorável do ano coloca a canção num patamar difícil de igualar.

6 – The War On Drugs – “Burning”

O Bruce Springsteen dos anos 80 viajou no tempo até 2014 e segredou qualquer coisa ao ouvido de Adam Granduciel. Não sei o que foi mas certamente explica a origem de “Burning”, a mais brilhante das canções de Lost In The Dream. O ritmo frenético e a guitarra típica de “rock de anúncio de cerveja”, como lhe chamou o sempre maldisposto Mark Kozelek, fazem a música de uma ponta à outra.

5 – Kevin Drew – “Good Sex”

Sei que sou fã e isso me torna automaticamente suspeito no que diz respeito às canções de Kevin Drew mas não podia deixar de destacar “Good Sex”. As vezes que aquele refrão viciante me passou pelos ouvidos fizeram estragos… no melhor sentido possível.

4 – Sun Kil Moon – “Carissa”

A minha relação com Sun Kil Moon é um tanto ou quanto mais intensa do que a do comum mortal mas parece que este ano nos juntámos todos para elogiar as coisas maravilhosas que Mark Kozelek nos trouxe. “Carissa” e a sua tristíssima história são um grande exemplo do excelente momento que a música dos Sun Kil Moon atravessa. Quando a trágica morte de uma prima em segundo grau se transforma numa canção assim, não vale a pena procurar mais.

3 – The Antlers – “Palace”

Foi uma das minhas primeiras paixões do ano, lá para abril. O álbum não cumpriu as minhas expectativas mas “Palace” ficou. Parece saída de um filme da Disney, tem uma melodia pop clássica. os metais no sítio certo e uma letra cheia de pormenores sublimes. É definitivamente um dos pontos altos musicais do ano.

2 – Sharon Van Etten – “Afraid of Nothing”

Tem tudo o que se pode querer numa faixa de abertura de um álbum. Entra devagarinho, com cautela, mas de melodia em riste. Piano, guitarra, cordas (as cordas!), voz… está tudo no sítio certo. O único defeito que se lhe pode apontar é o facto de não deixar o resto do álbum brilhar tanto porque não queremos parar de ouvi-la – é a chamada canção-eucalipto.

1 – Bon Iver – “Heavenly Father”

É estranho que, numa época em que os álbuns são tão pouco valorizados enquanto formato, se continue a ignorar as canções que não foram lançadas… em álbuns. A faixa que Justin Vernon e os Bon Iver criaram para o filme Wish I Was Here, de Zach Braff, é provavelmente o exemplo mais gritante de algo que acabou por ficar quase totalmente fora da memória coletiva dos melómanos deste mundo. E não percebo porquê. A estranheza inicial foi rapidamente substituída por uma sensação engraçada ali pelos 2’05”, com Justin Vernon a cantar “Cause I’m a known coward in a coward wind”, guitarra e bateria a darem os primeiros passos na canção e o baixo a dizer olá. Não é uma má sensação… e assim se mantém a tradição de colocar uma canção de Bon Iver no topo da minha lista no final do ano.

Ouçam tudo aqui: